terça-feira, 6 de novembro de 2007

Seminário do CUCA reúne no Rio agentes cineclubistas dos 27 estados


02 de novembro de 2007

Começou na quinta-feira (1) no Rio de Janeiro o seminário de formação de agentes cineclubista do Instituto Circuito Universitário de Cultura e Arte, o CUCA da UNE. Representantes dos 27 estados brasileiros estão participando das atividades, que se estendem até domingo

O Instituto Circuito Universitário de Cultura e Arte, o CUCA da UNE deu início nesta quinta-feira, no Rio de Janeiro, ao seminário de formação de agentes cineclubistas. Estudantes de Jornalismo, Publicidade, Cinema e até Direito, representando os 27 estados brasileiros, estão participando da programação que envolve oficinas técnicas, debates, apresentações e exibições de filmes. As atividades fazem parte da primeira etapa do "Cine CUCA", projeto focado na difusão e exibição da recente produção cinematográfica brasileira. Com sessões gratuitas, o objetivo é formar novo público, promover a circulação e fomentar uma rede nacional de agentes culturais.

O projeto tem à frente o CUCA da UNE, mas conta o apoio de dois importantes parceiros: o Instituto Cinema em Movimento (ICEM) e a produtora Meios de Produção de Comunicação (MPC). Ambos possuem no currículo a organização da maior e mais bem sucedida rede de exibição não formal de filmes de longa metragem brasileiros: o Cinema BR em Movimento.


O "Cine CUCA" quer seguir os mesmos passos e começa com um ousado desafio. Realizar 648 exibições, de 5 a 15 de dezembro, em 54 universidades, duas por estado, atingindo um público de quase 500 mil pessoas. Para dar corpo a esta proposta, o projeto precisa gravitar, em perfeita sintonia, ao redor desta rede de 27 agentes. Este encontro no Rio por sua vez será o responsável por afinar essa equipe, com treinamento que aborda todas as etapas de uma exibição, como a montagem do equipamento e da sala, a aplicação da linguagem visual, a pré e pós-produção, os conceitos do projeto e a divulgação.


O primeiro dia, light, foi de apresentação. Os diversos sotaques se misturaram à descontração dos participantes. Muitos militantes do movimento estudantil, alguns que já participaram do Cinema Br e outros com experiências em cineclubes universitários. Mas nas falas e brincadeiras, ficou claro um ponto em comum: o gosto pelo cinema, em especial o tupiniquim.


Responsabilidade

A gestora de projetos do ICEM, Ângela Serrano, provocou os presentes dizendo que cada um ali deve se reconhecer o cinema. Para ela, o filme não existe sem a realidade, sendo que todos nós fazemos parte daquela criação, sempre. Falou da responsabilidade dos agentes e da importância da ação cultural como formadora de novas platéias, já que o país poucos são os municípios que possuem uma sala de cinema (alguns dados apontam que apenas 8% das cidades brasileiras possuem cinemas).


O Coordenador-geral do CUCA, Tiago Alves, falou do histórico de atuação do Circuito e dos desafios desta nova empreitada. Ele destacou o papel da UNE como protagonista nos principais acontecimentos políticos e também culturais do país. Citou como exemplo de ações da entidade o Teatro do Estudante, o Teatro do Negro e o Centro Popular de Cultura e Arte, que revolucionou em todos os aspectos: pensamento, produção e circulação.


O diretor de Cultura da UNE, Rafael Simões, disse achar que o encontro supera as expectativas por ter conseguido reunir um representante de cada estado. Ele reforçou o trabalho da UNE ao longo destes 70 anos e disse que a entidade sempre conseguiu se renovar diante dos novos desafios e que o projeto era uma demonstração clara disso, criando nova frente de ação envolvendo a cultura.


Uma oficina de montagem do equipamento de exibição aconteceu logo após as apresentações. Os agentes aprenderam a manusear o projetor, fazer regulagem e os trejeitos de funcionamento referentes ao principal objeto de uma sessão. Sem ele, não tem cinema. Por isso, todos os cuidados foram passados ponto a ponto.


Depois, foram exibidos os dois media-metragens dirigidos por Silvio Tendler e que contam a história dos 70 anos da UNE: "Ou ficar a pátria Livre ou Morrer pelo Brasil" e "O afeto que se encerra em nosso peito juvenil". Os filmes trazem depoimentos e imagens inéditas de atuais e ex-lideranças estudantis, como José Dirceu e Franklin Martins.


A programação se estende até domingo. Sexta haverá oficinas de divulgação, pré e produção, além da exibição do filme "Conceição: autor bom é autor morto". No sábado, a pauta será pó-produção e comunicação.


Filmes


Os longas selecionados propõem a reflexão de temas ligados à juventude, produção universitária, ditadura militar e movimento estudantil: "Batismo de Sangue", de Helvécio Ratton; "Cão Sem Dono", de Beto Brant; "Conceição, autor bom é autor morto", único longa dirigido somente por universitários (Daniel Caetano, Guilherme Sarmiento, André Sampaio, Cynthia Sims e Samantha Ribeiro); e os filmes "Ou ficar a pátria livre ou morrer pelo Brasil" e "O afeto que se encerra em nosso peito juvenil", do diretor Sílvio Tendler, que documentam a história política e cultural da UNE.

Já os cinco curtas-metragens dirigidos por estudantes que compõem a grade de exibições do "Cine CUCA" foram os vencedores do Prêmio Curta CUCA, realizado de março a agosto deste ano: "Reforma Universitária", de Felipe Peres Calheiros (PE); "Manual Rádio Livre", de Tiago Machado Carneiro (DF); "Canil", de Paulo Gomes e Silva; "Não é só Passagem", de Igor Pontini Mesquita e "Projeto Rondon", de Madson Darkis da Silva Oliveira.
A maior parte dos encontros vai contar com a presença dos diretores.


Ação audiovisualO Cine CUCA faz parte do Programa do Audiovisual do CUCA, que engloba iniciativas voltadas para o cinema nas universidades, como a criação de cineclubes, produção em cinema e a aparelhagem de espaços ociosos. "A gente acredita que ambientes situados dentro das universidades, como teatros e auditórios mal utilizados, podem ser tornar espaços dedicados à sétima arte", comenta Tiago.


Outra frente de ação neste sentido está na produção dos Cine-jornais, que busca construir e discutir a imagem da juventude brasileira e a realidade na qual está inserida, alimentando o público de novos questionamentos, novas lutas e novas revoluções.

Rafael Minoro

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